A economia capitalista é uma grande vilã para afastar pessoas queridas. Vivemos um período de especialização de mão-de-obra, ou seja, por mais simples que seja o trabalho é necessário ter graduação, especilaização, mestrado e, em alguns casos, até doutorado na área para conseguir um emprego digno. Sendo assim, não temos tempo para cultivar nossas relações humanas e acabamos restringindo nossos contatos interpessoais a meros diálogos via telefone ou à comunicação digital via internet. É nessa hora que percebemos quanta falta faz aquele abraço carinhoso, aquela sopa que a vovó fazia, aqueles conselhos eloqüentes da mamãe, e duvido que alguém nunca teve vontade de voltar ao passado.
Contudo, a saudade não é um sentimento que uma pessoa nutre exclusivamente por outra. Certa feita, ouvi relatos de uma moça que sentia falta do seu ursinho de pelúcia; quis me convencer de que era porque ele fazia companhia a ela nas noites chuvosas de inverno. Sinceramente, tenho para mim que era falta de sua infância que ela sentia; tempo em que a única preocupação que tinha era com as provas do colégio. Hoje seus compromissos são outros, com seus dezoito anos, ela cursa Medicina - longe de sua cidade natal e de seus pais - e divide as tarefas do lar com o irmão mais velho.
A saudade, portanto, é sim um sentimento que se manifesta com a ausência, seja de pessoas, seja de lugares, seja de situações agradáveis. A única forma de não senti-la é ocupando a mente ou com a companhia de amigos, ou com viagens para cidades desconhecidas, que nos proporcionarão novas experiências e deixarão as lembranças guardadas na memória.