sábado, 30 de maio de 2009

Desassossegos - João Chagas Leite

Meus desassossegos sentam na varanda,
pra matear saudade nesta solidão,
cada por do sol, dói feito uma brasa,
queimando lembranças, no meu coração.

Vem a noite aos poucos, alumiar o rancho,
com estrelas frias, que se vão depois.
Nada é mais triste, nesse mundo louco,
que matear com a ausência de quem já se foi.

Que desgosto o mate, cevado de mágoas,
pra quem não se basta, pra viver tão só.
A insônia no catre, vara a madrugada,
neste fim de mundo, que nem Deus tem dó.

Meus desassossegos sentam na varanda,
pra matear saudade nesta solidão,
cada por do sol, dói feito uma brasa,
queimando lembranças, no meu coração.

Então me pergunto neste desatino,
se este é meu destino, ou Deus se enganou?
Todo desencanto para um só campeiro,
que de tanto amor se desconsolou.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Contrastes

Enquanto a mídia informa a população brasileira sobre a Gripe Mexicana, ou Gripe do Porco, como queiram, nossos irmãos nordestinos sofrem as consequências de alguns meses de chuva, li alguns dias atrás que eles estão pagando R$ 6,00 o quilo do tomate, um absurdo. Lembrei-me, vagamente, da tragédia - semelhante a que ocorre hoje no nordeste e norte do Brasil - que desabrigou milhares de catarinenses no ano passado. Lembrei-me, ainda, de quanta propaganda foi feita sobre o caso, da mobilização da sociedade para ajudar as vítimas e do abalo causado pelo sinistro. Depois perguntei-me, será que os nordestinos são menos importantes que os catarinenses? Será que não há interesse em ajudar as vítimas das enchentes? Quando já estava indignado com a situação, lembrei que moro no Brasil, e que aqui qualquer tentativa de solidariedade transforma-se em oportunidade para obter vantagem às custas de terceiros, como certamente ocorreu no ano passado com a tragédia de Blumenau-SC, pois hoje, os moradores das localidades mais atingidas ainda esperam o repasse da verba que o governo prometeu, e diz que enviou, para a reconstrução do vilarejo. É lastimável!